sexta-feira, 13 de março de 2009

Miguezim de Princesa

I

Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,Ciência e sabedoria,Inteligência e razão,Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II

Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,Abolido a excomunhão.

III

Mas o bispo Dom José,Um homem conservador,Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,Massacrada e abusada,Sofrida e violentada,Sem futuro e sem amor.

IV

Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V

O aborto, já previsto
Na nossa legislação,Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,Que é médico bom e zeloso,E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI

Além de excomungar
O ministro Temporão,Dom José excomungou
Da menina, sem razão,A mãe, a vó e a tiaE se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII

É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII

Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX

Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X

E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

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