domingo, 26 de outubro de 2008

Montadoras são afetadas pela crise financeira

Os principais mercados de veículos do mundo, Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão, há dois meses sentem as vendas despencarem em função da turbulência financeira global. O alarde havia sido dado por analistas no início do ano, mas a proporção que a crise tomou não era esperada por nenhuma montadora. O resultado agora é a série de planos de reestruturação anunciada nesta semana. As novas medidas incluem demissões, fechamento de fábricas e revisão de metas.

A maior montadora do mundo, a Toyota Motor, deve reduzir a previsão de vendas no mundo de 9,7 milhões de veículos em 2009, diante da expectativa de que as vendas da indústria nos Estados Unidos vão cair abaixo dos 13 milhões de unidades. A informação foi divulgada, nesta sexta-feira (24), pela agência de notícias Jiji.

A montadora japonesa já tinha reduzido a previsão de vendas no final de agosto, que era de 10,4 milhões de veículos em 2009 - incluem a Daihatsu Motor e a Hino Motors. A empresa não comentou a publicação do possível novo corte. A Toyota deve anunciar resultados semestrais em 6 de novembro. A situação é muito pior para a norte-americana General Motors, a segunda maior do mundo. A empresa anunciou nesta quinta-feira (23) que será obrigada a demitir funcionários do mundo inteiro, já que programa de aposentadoria voluntária não foi suficiente para reduzir custos. O número de empregados a ser demitidos não foi divulgado. A montadora também vai suspender pagamentos a planos de pensão de funcionários conhecidos como 401K a partir de 1º de novembro.

No caso da GM, a crise agrava uma sucessão de prejuízos enfrentados pela companhia, como as vendas que despencarem com a mudança do perfil do consumidor norte-americano, o processo de venda da Chrysler e as perdas da divisão financeira da montadora, a GMAC. A empresa acumula mais de US$ 66 bilhões em prejuízos desde 2005. A norte-americana Ford Motors perdeu mais de US$ 8 bilhões no segundo semestre. A expectativa é de que a montadora registre novo prejuízo pesado no terceiro trimestre. A fabricante de automóveis já anunciou a demissão de 500 funcionários na Austrália, corte que se somará aos 350 demitidos em agosto. A Ford estuda ainda a venda de sua participação de US$ 1,4 bilhão na japonesa Mazda Motors Co.

Também nesta quinta-feira (23), a Chrysler anunciou planos para cortar 6% de sua força de trabalho no país, ou seja, 1.825 vagas. A empresa decidiu fechar uma fábrica no Estado de Ohio (EUA) mais cedo do que previa e planeja mudanças em outra fábrica em Newark, no Estado de Delaware.

Desde 2007 em mãos do fundo de investimentos Cerberus Capital Management, a Chrysler estuda várias possibilidades de associação para se recuperar que podem chegar, inclusive, a uma possível fusão com a General Motors ou com a Renault Nissan.

O Grupo Renault Nissan também enfrenta apuros. A japonesa Nissan vai cortar 1.680 vagas na Espanha, onde possui duas fábricas. Já a francesa Renault decidiu fechar quase todas as fábricas na França durante uma ou duas semanas a partir da próxima segunda-feira (27) para enfrentar a queda nas vendas. Outro grupo francês, o PSA Peugeot-Citroën anunciou nesta sexta-feira (24) uma redução em massa da produção no quarto semestre como parte de um plano de ação em resposta à considerável queda nas vendas, provocada pela crise financeira.

Ainda na Europa, a alemã Daimler anunciou que o lucro operacional da empresa (lucro antes de juros e impostos) caiu para 648 milhões de euros entre julho e setembro, resultado 65,7% inferior ao do mesmo período de 2007 por causa da crise e da queda das vendas da Mercedes-Benz Cars.

A concentração dos esforços em mercados emergentes, como o Brasil, é vista pelas montadoras como o caminho de saída da crise. A exemplo disso, o Conselho de Administração da Fiat S.p.A divulgou, nesta quinta-feira (23), que o Fiat Group Automobiles (FGA) registrou, no terceiro trimestre, receita de 6,6 bilhões de euros, (alta de 1,9% em relação ao terceiro trimestre de 2007), mesmo com 516.700 veículos vendidos, queda de 4,8%. Segundo o grupo, o contínuo crescimento dos volumes no Brasil, de 10,2% no período, compensou as menores vendas na Europa Ocidental, em queda de 12%.


Fonte: G1

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