Copa do Mundo de Futsal da FIFA - Final

A torcida que lotou o Maracanãzinho neste domingo não esperava moleza. E o roteiro não poderia ser mais sofrido. A decisão da Copa do Mundo de Futsal da Fifa, contra a Espanha, teve tensão, protesto contra os árbitros e, para o azar do Brasil, um joelho esquerdo machucado – do melhor jogador do planeta. Do banco, Falcão não pôde fazer nada além de torcer. Após muito nervosismo, no entanto, o camisa 10 viu um final feliz. Com uma vitória dramática nos pênaltis, após 2 a 2 no tempo normal, a equipe verde-amarela espantou o fantasma da Fúria e voltou ao topo do mundo no futsal. O título coroa a geração de Falcão, ainda que o craque tenha terminado a partida no banco com uma bolsa de gelo no joelho. Ao fim do jogo, a explosão de alegria na quadra encontrou eco nas arquibancadas. E o Brasil, após 12 anos, pode dizer novamente que é a melhor seleção do planeta. Vinte minutos antes de o jogo começar, PC de Oliveira já estava de pé à beira da quadra. Ele mandou para o jogo o mesmo quinteto usado ao longo do torneio, com Tiago, Gabriel, Schumacher, Lenísio e Marquinho. Na arquibancada, dava para contar nos dedos as cadeiras vazias. Munida de canudos infláveis, a torcida brasileira fazia muito barulho, enquanto os cerca de 30 espanhóis mal eram percebidos no ginásio. A partida começou equilibrada e com muita marcação nos dois lados. Aos poucos, o Brasil começou a encaixar jogadas de ataque. Tiago fez apenas uma defesa nos primeiros minutos, saindo nos pés de Rodriguez, enquanto o espanhol Amado começava a ter muito trabalho. Na marca de 16 minutos, sob os gritos de “Uh, tá maneiro, o Falcão é artilheiro”, o melhor jogador do planeta foi para o jogo. E respondeu em grande estilo. Aparecendo de surpresa dentro da área, ele quase fez um golaço de calcanhar, mas Amado salvou com o braço. Perto da metade da etapa inicial, Tiago foi ameaçado com dois chutes perigosos – o primeiro ele colocou para escanteio, e o segundo passou rente à trave. A tensão se refletiu no cartão amarelo recebido por Franklin, goleiro reserva, por reclamação no banco. Enquanto a pequena torcida espanhola permanecia imóvel, a brasileira voltava a cantar. A resposta na quadra veio com Schumacher. A 11m24s do fim, ele tabelou com Lenísio e chutou por cima do gol. Dois minutos depois, bateu forte de longe e forçou boa defesa de Amado. Javi Rodríguez, que tinha ironizado Falcão na véspera do jogo, pisou na perna de Gabriel e, na seqüência, atingiu a barriga de Falcão. Sob protestos dos brasileiros, o capitão da Fúria levou um cartão amarelo a 8m52s do fim. Logo depois, a primeira grande chance desperdiçada: Falcão fez linda jogada no contra-ataque e deixou Vinícius em condições de marcar, mas ele chutou em cima do goleiro. Mais acostumados a apitar no campo do que no futsal, os árbitros Karoly Torok, da Hungria, e Fabian Lopez , da Colômbia, irritavam as duas equipes. Na quadra e nos bancos, o clima era de reclamação constante. A 4m50s do fim, mais uma chance clara perdida. Com três contra um na quadra aberta, Schumacher recebeu e chutou à direita de Amado. O cenário não se alterou no primeiro tempo: mais posse de bola para o Brasil, contra-ataques esporádicos da Espanha. Amado fez 10 defesas, contra quatro de Tiago, e as equipes foram para o intervalo com 0 a 0. Na volta para o segundo tempo, nenhuma das duas seleções conseguia furar o bloqueio defensivo adversário. Até que, a 15m45s para o fim, Marquinho cobrou escanteio, a bola desviou no rosto de Borja e foi direto para o fundo da rede de Amado. Explosão da torcida no Maracanãzinho, Brasil 1 a 0. A alegria do gol logo deu lugar à angústia. Após receber uma pancada no joelho esquerdo, Falcão passou a jogar no sacrifício. Mancando muito, ele não afrouxava na defesa. Saiu para ser atendido pelo médico e, no mesmo minuto, Vinícius seguiu o mesmo caminho, com dores na coxa. O cenário piorou a 12 minutos do fim, quando Gabriel falhou na cobertura e Torras encheu o pé, acertando ângulo de Tiago. O empate calou o Maracanãzinho. Vinícius voltou, mas Falcão não agüentou. Com o joelho enfaixado, ele mostrava abatimento no banco, com uma toalha sobre a cabeça. A Espanha cresceu no jogo e começou a forçar erros de passe do Brasil. A 4m42s do fim, Vinícius perdeu um gol feito, dentro da área, com o goleiro batido. O chute saiu torto, pela linha de fundo. Um minuto depois, a 3m37, o mesmo Vinicius foi premiado pela insistência. Em lance de bate-rebate dentro da área, ele fuzilou o gol de Amado e colocou o Brasil na frente outra vez. Na comemoração, quase chorando, correu para o banco e apontou para Rogério e Carlinhos, que não foram escalados.
O Brasil tentou segurar a pressão, mas foi castigado a 1m32s do fim, quando Álvaro mostrou oportunismo e empurrou a bola para as redes de Tiago. Foi um balde de água fria na torcida. Marquinho ainda teve uma chance, mas Almado fez outra grande defesa. Ao fim do tempo normal, com a prorrogação pela frente, o Maracanãzinho estava em silêncio. No primeiro tempo do período extra, a torcida se manteve apreensiva. Lenísio teve boa chance no minuto final, mas chutou por cima. Na seqüência, Tiago salvou o Brasil ao defender com o pé um chute adversário. Schumacher abriu o segundo tempo com uma bomba de longe, mas Amado espalmou para escanteio. A partida seguiu tensa até o fim, com poucas chances de ambos os lados.
Para a disputa de pênaltis, o Brasil trocou de goleiro. Saiu Tiago, entrou Franklin. Marquinhos abriu a série com um chute forte e certeiro, mas Kike empatou em seguida. Wilde fez 2 a 1 para o Brasil, e Ortiz igualou novamente.Ciço colocou o Brasil à frente de novo, e aí brilhou a estrela de Franklin. O goleiro caiu para a esquerda e pegou o chute de Torras.Lenísio cobrou com categoria, e Álvaro diminuiu novamente. Ari teve a chance de fechar a série, mas chutou para a defesa de Amado. A responsabilidade, então, caiu nos pés do brasileiro Marcelo. E coube a ele perder o pênalti que deu o título ao Brasil. Pelas mãos de Franklin, a bandeira verde-amarela voltou ao topo do mundo do futsal.

Fonte e Fotos: Globoesporte