terça-feira, 30 de setembro de 2008

SADIA buscou linha de curto prazo após rombo de R$ 760 mi

SÃO PAULO (Reuters) - A Sadia, uma das maiores empresas de alimentos do Brasil, recorreu a financiamentos de curto prazo, com vencimentos em até um ano, para equilibrar suas contas após o prejuízo de 760 milhões de reais decorrente de operações no mercado de derivativos de câmbio.
A empresa informou nesta sexta-feira que poderá renegociar os termos dos empréstimos após os vencimentos, mas não revelou as condições e taxas envolvidas.
"Você paga um prêmio de volatilidade, tivemos que fazer a operação em um momento de alta volatilidade, em meio a uma crise financeira que talvez seja a maior desde 1929", afirmou o diretor de Controladoria e Relações com Investidores, Welson Teixeira Junior.
"Mas nós podemos dizer que diante da volatilidade do momento, foram custos muito competitivos", acrescentou o diretor.
A empresa não forneceu detalhes das operações que geraram a perda de 760 milhões de reais, que será contabilizada no balanço trimestral a ser divulgado em breve, informando apenas que foram negócios com futuros e com opções no mercado cambial, onde a empresa se posicionava buscando ter lucro com a eventual manutenção da tendência de valorização do real ante o dólar, o que acabou não acontecendo devido ao agravamento da crise financeira nos Estados Unidos.
Teixeira afirmou que as posições da empresa nos derivativos de câmbio excederam as políticas da companhia e que por isso foi necessário realizar o enquadramento, por meio da liquidação dos contratos, assumindo os prejuízos.
"Isso ocorreu de maneira bastante rápida, em meio à crise. Assim que foi detectado, o conselho tomou conhecimento e imediatamente determinou o reenquadramento", afirmou o executivo, acrescentando que a companhia vai investigar de forma detalhada o ocorrido e poderá, eventualmente, divulgar novos esclarecimentos.
Empresas de alimentos brasileiras com forte atuação em exportações normalmente atuam com derivativos de câmbio buscando compensar (hedge) eventuais perdas em receita nas exportações geradas pela valorização do real frente ao dólar.
Mas no caso da Sadia, como reconheceu o diretor, as operações extrapolaram o hedge que seria adequado.
Questionado se em momentos anteriores à crise, já que essas operações ocorriam há algum tempo, a empresa registrou lucros devido à queda do dólar, o diretor disse não possuir, no momento, detalhes sobre isso.
LEHMAN E RECUPERAÇÃO
Teixeira disse que após os empréstimos realizados para equacionar a perda, a companhia possui no momento um fluxo de caixa de 1,6 bilhão de reais.
Ele afirmou que também estão incluídos no volume de perdas de 760 milhões de reais alguns prejuízos com operações no exterior, incluindo alguns investimentos junto ao banco norte-americano Lehman Brothers, que entrou em colapso na semana passada.
"Eu prefiro dar esse número (de perdas no exterior) em outra oportunidade. Estamos fazendo todo um levantamento, para saber quanto de Lehman, quanto de outros fundos", afirmou o diretor.
O diretor afirmou que a perda financeira não deverá afetar de forma significativa os planos de investimento da empresa, mas que poderá ocorrer uma revisão.
Ele disse que a Sadia possui amplas condições de superar o problema.
"A atividade operacional está muito forte e estamos muito animados com o que vem pela frente", afirmou.
"O mercado de alimentos tem um potencial ilimitado tendo em vista nossa marca e a competitividade do Brasil, então estamos muito confiantes que a redução dos custos dos grãos, com essa valorização do dólar, temos um potencial de crescimento de dois dígitos para 2009".

Fonte: G1 e Reuters

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