segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Entenda a operação de resgate da seguradora AIG

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou um empréstimo de US$ 85 bilhões para tentar evitar a falência da seguradora AIG, a maior do país.
Em retorno, o governo assumirá o controle de quase 80% das ações da empresa e o gerenciamento dos negócios.
O pacote de resgate foi anunciado um dia depois da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, que pediu concordata e provocou a queda no preço de várias ações no mercado financeiro global.
A seguir, entenda as causas dos problemas financeiros enfrentados pela AIG e seus efeitos no mercado financeiro global.

Por que a AIG necessitava de um pacote de resgate?
A seguradora American International Group (AIG) foi fortemente afetada pela crise no mercado de crédito que vem sacudindo os mercados financeiros há pouco mais de um ano.
O principal negócio da empresa é vender seguros, mas não apenas para pessoas comuns que compram seus serviços, como seguro imobiliário.
A companhia também fornece serviços para grandes empresas, especialmente bancos.
Ao fazerem grandes operações, os bancos contratam seguradoras, como a AIG, para socorrê-las no caso de seus negócios darem errado.
A AIG estava sob forte pressão financeira depois de ter registrado perdas em três trimestres consecutivos que totalizaram US$ 18,5 bilhões.
O rombo está diretamente ligado a problemas relacionados ao mercado de crédito imobiliário, já que a empresa desempenhava um papel importante ao assegurar instituições financeiras em todo o mundo contra riscos.
Apesar de ser uma empresa bem-sucedida, os lucros da AIG estavam bloqueados em negócios e investimentos que não são fáceis de vender ou difíceis de avaliar.
Para sobreviver, a seguradora precisava de dinheiro urgentemente e o Federal Reserve era o único preparado para prestar socorro.

Eu tenho uma apólice de seguros com a AIG. O que devo fazer?
Nada. O governo americano acredita que a AIG é grande demais para quebrar. As apólices de seguro da AIG continuam em vigor.

Por que o governo resgatou a AIG e não o banco Lehman Brothers?
A AIG oferece seguros para muitas instituições bancárias que fazem empréstimos corporativos e imobiliários.
Os bancos contrataram seus serviços para se proteger contra os riscos que esses empréstimos representam, como inadimplência dos clientes.
Uma das razões por trás do contrato das seguradoras é garantir às instituições reguladoras que esses empréstimos representam o menor risco possível.
Com isso, elas podem emprestar mais dinheiro do que, de fato, possuem.
Se a AIG quebrasse tais transações de alto risco não poderiam ser asseguradas e colocaria toda a indústria financeira global em sérios apuros.
As injeções de recursos para socorrer companhias privadas é uma decisão cada vez mais difícil para o governo americano, já que os contribuintes americanos correm o risco de ter um prejuízo de bilhões de dólares.
Quando o Bear Stearns começou a dar sinais de ser afetado pela crise, o Tesouro americano ajudou o JP Morgan Chase a comprá-lo.
Além disso, na semana passada, o governo na prática nacionalizou as firmas de hipoteca Fannie Mae e Freddie Mac, que entre si possuem ou avalizam cerca de metade do mercado de hipotecas americano, avaliado em US$ 12 trilhões.
Ao rejeitar conceder garantias para uma operação de compra do Lehman Brothers pelo banco britânico Barclays, analistas dizem que o Tesouro americano traçou uma linha para demarcar a vontade de usar dinheiro público no resgate a bancos que tomaram decisões equivocadas.
Em vez disso, autoridades preferiram apoiar o sistema de outras formas, anunciando medidas para facilitar o acesso de empresas com dificuldades financeiras a créditos de emergência.


Fonte: G1

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